Qual a razão para vermos a cores?

Um dos principais sentidos do corpo humano, a visão é uma das formas mais potentes de perceção e interpretação de tudo o que nos cerca. 

As cores e as luzes atraem o nosso olhar, e tudo que está à nossa volta parece ser colorido: a natureza, os objetos, as cidades. Mas e se descobrisse que, na verdade, as cores não existem? Elas são fabricadas pelo nosso cérebro.

Isso acontece porque os objetos absorvem as cores que estão na luz branca. Quando essa luz reflete nos nossos olhos, na camada chamada de retina, as células chamadas cones e os bastonetes transmitem a informação sobre as cores para o nosso cérebro. 

Por ser um processo individual, cada pessoa percebe as cores de um jeito. Continue a leitura para entender melhor como as cores se formam e por que vemos a cores.

Como se formam as cores

Antes de falarmos sobre como os nossos olhos veem as cores, vamos entender como elas se formam.

Quando dizemos que as cores não existem, é porque as tonalidades só aparecem na presença da luz branca, que é a mistura de várias cores. Sem a luz, não há cor, apenas um espaço vazio representado pelo preto.

Ou seja, a cor é a impressão causada nos olhos pela luz. A cor neutra é o branco, ele é a união de todas as cores que os nossos olhos podem visualizar, compostas pelos espectros de vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. 

A ausência de luz – ou inexistência de cor – é representada pelo preto, já que não consegue refletir luminosidade nos objetos.

Diferenciamos uma tonalidade da outra por meio do fenómeno físico chamado “comprimento de onda”. Isso quer dizer que as cores são ondas que vibram em velocidades diferentes. Quanto mais rápida a onda, mais azulada ela fica; e quanto mais lenta, mais avermelhada.

Quando um feixe de luz incide num objeto colorido, parte desse feixe é refletido enquanto parte é absorvido pelo objeto, porém, só podemos ver a cor correspondente à frequência que foi refletida. Logo, a cor de um objeto é justamente a cor que ele não absorveu. Se uma maçã é vermelha, é porque ela absorve muito todas as cores, menos a vermelha – que é refletida para o nosso olho.

Imagem: Ux Collective

Newton e o prisma

A descoberta de que as cores são nada mais que luz refletida sobre o branco pode ser um pouco impactante. Imagine então em 1665 quando Newton apresentou a sua teoria.

Acontece que, por muitos séculos, o arco-íris era um grande mistério da natureza. Ninguém sabia como ou por que aquele arco colorido surgia. Da mesma forma, o feixe multicolorido que saía de dentro dos prismas também era um mistério.

O aparecimento dessas cores era tão misterioso que as pessoas acreditavam serem obras de espectros, como seres fantásticos parecidos com fantasmas.

Até então, artistas e cientistas viam o branco como uma cor pura, e não uma mistura de cores. Mas essa conceção foi alterada pelo cientista inglês Isaac Newton. Em 1665, Newton fez uma experiência que mudaria tudo. Ele dispunha apenas de alguns prismas, lentes e da luz do sol. Através de um pequeno furo numa cortina, o cientista obteve um feixe de luz que fez incidir sobre o prisma.

A luz, depois de passar pelo prisma, projetava sobre a parede uma mancha com as cores distribuídas do vermelho ao violeta. 

Esse feixe colorido foi focado por uma lente e direcionado para um segundo prisma. As cores então se misturaram, resultando em luz branca.

Para não haver dúvidas, o mesmo feixe atravessou um terceiro prisma e novamente se separou nas cores do arco-íris. Essa é a prova definitiva de que a luz branca é composta por todas as cores.

Como é que as cores chegam aos nossos olhos

O caminho que a luz refletida por um objeto percorre no nosso olho é o seguinte: ela atravessa a córnea, a íris (responsável por regular a quantidade de luz recebida pela pupila), a pupila, o cristalino e chega até a retina.

É dentro da retina que as imagens são formadas, nela, existe uma camada de células muito pequenas e sensíveis à luz – os fotorreceptores. 

Os fotorrecetores são de dois tipos: bastonetes, que funcionam em lugares mais escuros, e os cones, que se adaptam à luz e são responsáveis pelas cores que conseguimos visualizar.

Cada um vê uma cor

Uma cor nunca será exatamente igual para todas as pessoas. Isso acontece porque as densidades de receção da luz variam de um indivíduo para outro. 

É o nosso cérebro que produz as cores, o que gera variações de acordo com cada observador: o azul que uma pessoa vê pode não ser a mesma tonalidade de azul que eu vejo.

Além disso, algumas pessoas têm daltonismo – um distúrbio da perceção visual identificado pelo não funcionamento dos cones, os responsáveis pela diferenciação das cores. Logo, o indivíduo com daltonismo sente dificuldade em apontar a diferença das tonalidades, como tons de vermelho ou laranja. A confusão também existe entre verde, vermelho, azul e amarelo, que são cores oponentes.